Análise - The Saboteur - Ps3

Um inusitado combatente da Resistência Francesa e sua guerra pessoal contra os nazistas. 


Estamos na década de 40(1940), e o nome do nosso herói é Sean, um irlandês que acaba se envolvendo com a Resistência Francesa durante a ocupação nazista, em The Saboteur.


O jogo aposta fortemente em uma temática reminiscente de filmes noir para o seu início, mas ela gradualmente cede espaço a um cenário mais positivo conforme o jogador progride e é bem-sucedido em suas missões. Como se trata de um jogo de época, a ambientação é um dos elementos principais — e o game realmente consegue reproduzi-la de forma adequada, passando ao jogador a sensação de estar no local.


Quem é essa no carro com ele? Você vai descobrir...


A tarefa não era fácil: era preciso introduzir um ambiente sombrio e deprimente, ao mesmo tempo em que deixasse possível ver a luz no fim do túnel. Isto porque o protagonista está lutando uma batalha nada convencional — seu objetivo é minar as operações nazistas ao mesmo tempo em que ergue a moral dos cidadãos franceses, de forma a engajá-los na resistência.


O protagonista em si é um tanto quanto incomum: Sean é um mecânico irlandês que acaba por envolver-se no mundo das corridas de carros, como piloto, e finalmente chega ao submundo da Resistência após alguns trágicos acontecimentos. É óbvio que existem mais camadas sob a superfície, que são descobertas ao longo da partida, mas não as revelaremos para manter o suspense.



A combinação de elementos de filmes “noir” e de uma jornada de vingança e esperança é bastante interessante. Juntamente com a recriação de uma França da metade do século XX, a imersão do jogador torna-se fácil e natural, já que não é nem um pouco difícil de acreditar que alguém poderia se envolver em uma situação destas naquele período — embora seja difícil de acreditar em algumas das decisões tomadas e da forma como os personagens agem, mas creditamos isso à liberdade “cinematográfica”, de forma a entreter.


Os carros, as casas e as roupas são todos inspirados em elementos reais da época — e o mesmo pode ser dito de tudo no jogo. Ao menos na parte da ambientação, o realismo foi buscado até mesmo nos detalhes, o que dá uma boa sensação de estar sendo transportado para o período da Segunda Guerra.


O contraste de cores é espetacular


Outro ponto essencial, e talvez o principal, é onipresença de tropas alemãs por todos os cantos. Onde quer que o jogador vá, encontrará inimigos. Por vezes eles serão mais cautelosos, em outras mais lenientes — mas o fato é que pode-se perceber claramente que a vida continua, embora não da mesma forma, mesmo que existam exércitos nas ruas.


Tudo regado a uma postura nada politicamente correta por parte dos personagens — afinal de contas, o mundo estava de cabeça para baixo naquele período. Ou seja, ouve-se muito xingamento e insinuações, mas nada apelativo que pareça fora de lugar. Apenas a raiva normal de cidadãos comuns embolados em uma trama de guerra...



Outro ponto bacana do jogo é a diversidade das missões. Em alguns momentos, elas são simplesmente motivadas por vingança. Em outros, elas buscam realmente ajudar a consolidar a Resistência Francesa. E algumas fazem, até mesmo, com que o protagonista se envolva em eventos muito além de sua compreensão e não tenha escolha a não ser cooperar e ver onde tudo vai dar.




De longe ou de perto? Você decideAs missões são claras e objetivas. Existe até mesmo um pequeno painel no canto superior direito da tela que mostra qual é o próximo passo para chegar ao objetivo final. No entanto, cabe a você escolher a maneira que considera melhor para completá-las. Isto significa que a maneira de jogar será diretamente relacionada a suas preferências.


Ou seja, se você é um bom atirador, talvez queira posicionar-se bem e eliminar todos os inimigos rapidamente e fugir loucamente antes que os reforços cheguem. Se é um bom estrategista, fará com que Sean ache o melhor caminho para infiltrar-se nos lugares despercebido — seja disfarçado ou de forma furtiva — e completar sua missão.


Algo que deve ser considerado em todos os momentos é o fato de que o protagonista é um exímio escalador. Por qual razão, nós não sabemos, mas ele pode escalar até mesmo a Torre Eiffel, deixando o Altaïr de Assassin’s Creed com inveja. Devido a esta característica, o topo de prédios e construções em geral são ótimos lugares para se posicionar antes das tarefas, de modo a ter uma visão geral do local e definir os próximos passos.




Fumar no alto de prédios, e na chuva? E ele nem tem o nariz tão grande...É sempre bom ter pontos de referência, e tenho certeza de que estou sendo um pouco tendencioso neste ponto — afinal, já passei bom tempo na França e conheço quase todos os locais representados no game. Mas, independentemente disso, é ótimo você ver monumentos mundialmente famosos, como a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo, e poder interagir com eles — e, principalmente, matar nazistas neles.


Um que merece destaque é certamente o símbolo da cidade de Paris. Explorar a Torre Eiffel é extremamente gratificante — e a sensação de grandeza é fielmente reproduzida — e escalá-la é algo bastante empolgante. Existe até uma surpresa que aguarda os mais bem-sucedidos no topo... Caso consigam chegar até lá, o que requer um pouquinho de paciência.


Os mais desafiadores podem até mesmo praticar tiro ao alvo nos pássaros que passam por ali, do alto de um local minúsculo, correndo o risco de cair. Cada louco com a sua mania... Mas um pára-quedas para um pequeno basejumping não seria nada mal.




Embora os gráficos não sejam lá estas coisas , o trabalho de arte do jogo é fenomenal. O mesmo se aplica aos conceitos utilizados, que são ótimos mas, por vezes, não muito bem implementados. Algo que definitivamente poderia ser remediado, seja através de DLCs ou sequências, mas que está muito longe da realidade — devido ao fechamento da desenvolvedora Pandemic.


O fato de as áreas do mapa irem gradualmente se colorindo conforme Sean inspira os cidadãos com seus atos de sabotagem, as mecânicas de jogo que compõem a reação dos nazistas, as diferentes formas de ação e escape proporcionadas pelos sistemas de jogo, a personalização possível do personagem e dos carros... Tudo isso ajuda a criar um jogo mais profundo e interessante.


Ninguém pode negar a melancolia de uma imagem dessas


Afinal de contas, quem é que não gosta de jogar um inimigo do alto de uma torre enorme para em seguida descer as escadas deslizando, chamar um carro de resgate e pular para dentro enquanto tiros voam para todos os lados ao tentar despistar os alemães?




A trilha sonora do jogo é simplesmente envolvente. Ela é uma das grandes responsáveis, junto com a ambientação, por compensar a deficiência gráfica e realmente auxiliar na imersão do jogador no universo que The Saboteur tenta reproduzir. Músicas típicas da época, muito bem escolhidas para os diferentes momentos de ação e de depressão, fazem da música do jogo algo acima do padrão.


A única coisa que poderia ter sido melhor trabalhada é a atuação das pessoas que fazem as vozes dos personagens. Embora os sotaques sejam bastante distintos e nos deixem perceber de onde vem cada um deles, a emoção dos diálogos é frequentemente bastante forçada.





A arte conceitual é boa, mas na hora de transpor para o jogo em si... Nem tantoComo já mencionamos anteriormente, a parte gráfica — a técnica, especificamente — deixa muito a desejar. Existe screen tearing em vários momentos, a modelagem dos personagens poderia ser melhor, pop-ins são frequentes e as animações são realmente esquisitas em alguns momentos. A parte boa fica por conta dos elementos do cenário.


Cigarros que desaparecem do personagem, carros que demoram muito para serem destruídos — e que, antes de pegar fogo, mostram pouquíssimos sinais de dano — e sangue que não permanece em nenhum lugar por muito tempo (o mais frequente é na traseira de alguns modelos de carros, sempre no mesmo lugar) contribuem para uma sensação de que realmente faltou esforço na hora de trabalhar no conjunto gráfico.




Embora seja satisfatória, não gostei muito da jogabilidade por pensar que muito mais poderia ter sido feito a respeito. A jogabilidade permite que o personagem realize as diferentes ações tranquilamente, mas não parece intuitiva. Além disso, em vários momentos você bate em paredes ou dá voltas em objetos até conseguir fazer o que quer, devido à falta de precisão.


Os carros ou são muito ágeis ou muito lerdos. Ou seja, com alguns você mal consegue fazer curvas enquanto outros viram tão rápido que é impossível andar em linha reta. Esta confusão é um tanto quanto frustrante, embora seja possível se acostumar razoavelmente com ela.


As miras de armas — coisa que já não é confortável de utilizar sem um mouse — são muito pouco precisas a ponto de ser mais fácil andar com o personagem do que tentar movê-las. Embora seja possível entender que isto é para diferenciar as armas de curto e as de longo alcance, as distâncias médias ficam em um limbo no qual nenhuma arma é realmente eficiente, e é preciso mover-se.



Embora existam diversas horas em que o jogador se surpreende e acha bombásticos os acontecimentos, existe algo um tanto quanto difícil de explicar que deixa uma sensação de “eu esperava mais” — e no mau sentido. Este tópico foi difícil de colocar no papel (no computador, eu sei, mas enfim), pois é bastante complicado de explicar.


Resumidamente, o que acontece é que o jogo provoca, expõe algumas situações que têm potencial para revelar-se realmente empolgantes mas que no final das contas acabam sendo confusas, com milhões de inimigos na tela, ou mesmo anti-climáticas, quando a capacidade de Sean de aguentar inúmeros tiros torna a coisa toda bastante insossa.



Para mim, o jogo vale a pena. Para os jogadores que valorizam uma boa ambientação e uma história intrigante, além de alguns conceitos novos que podem ser bem explorados no futuro, também vale. Agora, para aqueles fissurados em recursos técnicos de ponta, certamente não vale. Isto porque o jogo peca exatamente nos quesitos que alguns jogadores consideram essenciais: gráficos e jogabilidade.


Um irlandês que faz parte da resistência francesa combate os alemães


É o tipo de jogo que fará com que as pessoas gostem dele ou não, não deixando muito espaço para o meio-termo. Isto porque sua temática agrada a alguns e desagrada a outros. The Saboteur certamente não é um título de ponta, que chegaria a ser nomeado como um dos melhores do ano, mas é uma experiência sólida e que rende muitas horas de diversão.



Um comentário:

  1. eu tenho e acho o jogo bastante legal. um gta da segunda guerra com nazistas para matar e coisas para explodir.

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